sexta-feira, 4 de abril de 2008

LENDAS DE EXU II


II EXÚ – Um Orishá Muito Polémico Por Ìyá Sandra Medeiros EpegaAtoto arere. Ifá fe f'oun e dake. Orunmilá e Exú eram amigos, mas disputavam entre si o poder. Houve uma guerra na cidade de Ajala Eremi. Tendo isso chegado ao conhecimento de Exú, por seus seguidores que invocavam-no e pediam a sua ajuda, ele correu a Orunmilá para contar a novidade. Orunmilá ficou curioso de saber como Exú já sabia da guerra, uma vez que a cidade era longe e parcos os recursos. Exú, muito vaidoso, disse saber tudo, em virtude de seus poderes, e completou - "Vamos lá salvá-los". Viajaram juntos, e chegando à Ajala Eremi, ajudaram o povo a vencer a guerra, e foram reverenciados e louvados. Na volta, Exú disse a Orunmilá - "Você vai ver, a minha magia é maior que a sua". Orunmilá riu, disse que seus poderes eram bem maiores, e disse também: "Ki okunrin ma to ato rin Ki obinrin ma to ato rin Ki awo eni ti aso re yio rin". "O homem fica em pé e urina andando A mulher fica em pé e urina andando Vamos ver a roupa de quem fica molhada primeiro".Com essas palavras ele desafiou Exú. Caminharam muito até que anoiteceu, e pararam em Ileto (pequena cidade baale - aldeia pobre). Orunmilá pediu aos mais velhos pousada por uma noite para ambos. O Rei permitiu que dormissem e determinou em que casa ficariam. No meio da noite, estando Orunmilá dormindo, Exú acordou bruscamente. Exu saiu para o pátio, foi ao local onde as galinhas dormiam, agarrou o galo pelos pés, torceu-lhe o pescoço, arrancou-lhe a cabeça e enfiou no bolso. Fez uma ótima e solitária refeição com a carne e alguns inhames, pimentas, tomates e cebolas que achou nos campos, temperou tudo com óleo dendê, bebeu vinho de palma e completou com litros e litros de água fresca. Voltando à casa, chamou Orunmilá, e disse -" Vamos embora depressa". Orunmilá acordou estremunhado, e ainda tonto, achou que era de manhã, e seguiu com Exú pela estrada como bons amigos. Em Ileto, assim que amanheceu, descobriram a morte do galo, a fuga dos hóspedes e o povo, revoltado, decidiu persegui-los. Juntaram os Ode (soldados). Correram atrás de Exú e Orunmilá e alguém lembrou que Exú usava uma roupa de búzios (símbolo de magia). Exú sabia que o povo de Ileto e os soldados vinham em sua perseguição. Olhava para trás e ria. Falou a Orunmilá -"O povo vem aí, traz lanças, facas e soldados. Mostre a força de sua magia agora". Orunmilá, sempre muito calmo, disse a Exú -"A mim não pegam. Eu adivinho que você matou o galo e comeu-o, porque o sangue pinga de seu bolso". E disse "A ki gbo iku a fibi oba sa". ("Não se pode ter má notícia da terra. Ela não morre".) Depois de proferir estas palavras mágicas, Orunmilá disse a Exú:-"Agora você dá a solução".Exú sugeriu que subissem em uma árvore sagrada (ikin), de cuja madeira são feitos instrumentos para o culto, e esperassem para ver os Ode passarem. Os soldados e o povo viram o sangue, e revistando a árvore acharam Exú lá em cima, junto com Orunmilá. Alguns ficaram de guarda à árvore, enquanto outros foram buscar machados e facões para derrubá-la. Quando começaram a cortar a árvore, Exú riu e disse a Orunmilá:- "É agora! Vamos cair os dois, faça a sua magia, eu faço a minha e veremos qual o poder maior". A árvore caiu. Orunmilá se enterrou no chão e virou água. Exú bateu no chão e virou pedra. O povo e os Ode procuraram e não acharam ninguém. O lugar virou uma grande confusão, com todos gritando e se acusando mutuamente. Os que estavam sedentos, viram a água que era Orunmilá, beberam dela e se acalmaram. Os que estavam cansados sentaram na pedra que era Exú e ficaram agitados. E daí para a frente, dois tipos de pessoas se criaram no mundo, os calmos e os agitados. E todos que jogam Ifá (antigo sistema yorubá de adivinhação), têm que cultuar Exú e Orunmilá.

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