quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

otin


Dois Orixás iorubas que não apreciam contato com muita gente é: o mago Ossaiyn, o solitário senhor das folhas, e Odé Otin, a caçadora. Possuem em comum o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam; a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas.


A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo. Odé Otin é um Orixá feminino responsável pela fundamental atividade da caça. É tradicionalmente associado à lua e, por conseguinte, à noite, as Iyá mi Ajés e os pássaros da noite, pois a noite é o melhor momento para a caça. Odé Otin e Ossaiyn têm na floresta o próprio fim, nela se escondem. O primeiro para capturar os animais, o segundo para poder estudar sozinho e recolher as folhas sagradas.


Otin mora nas águas com Iyemanjá, Erinle e Oxum e na floresta com os irmãos Ossaiyn, Ògún e Odé, no cultivo com Òrìsà OkoOdé Otin e Ossaiyn representam as formas mais arcaicas de sobrevivência, a apologia da caça em detrimento da agricultura, a apologia da magia e do ocultismo em detrimento da ciência. No Candomblé, a cor verde é consagrada a Ossaiyn por sua proximidade com as folhas, ficando o azul para Odé Otin, um azul pouco mais vivo e claro que o de Ogum, numa transição cromática.


Odé Otin é um Orixá que vive ao ar livre e está sempre longe de um lar organizado e estável. Seu combate cotidiano, entretanto, está nas matas, caçando os animais que vão garantir a alimentação da tribo, sendo por isso consagrado como protetor dos caçadores e eterno provedor da subsistência do gênero humano. Protege tanto o que mata o animal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser para servir de alimento para outro. Protege os antagonistas, a caçadora, e a caça, pois são seres do mesmo espaço, a floresta. Por isso Odé Otin nunca aprova a matança pura e simples, para ele a morte dos animais deve garantir a comida para os humanos ou os rituais para os deuses, sendo símbolo de resistência à caça predatória. O conceito de liberdade e independência para Odé Otin é muito claro. Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para que possam ser caçados. Em alguns cultos, também se atribui à ela o poder sobre as colheitas, já que agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio de subsistência. Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos. Seus símbolos são ligados à caça: no Candomblé, possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão, usa o eruquerê (eiru), que são pelos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios, um ofá arco e flecha, uma lança.


O mito da caçadora identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados, num sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros. Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Odé Otin o identifiquem não com uma negra, como manda a tradição, mas com uma Índia. Seu objeto básico é o arco e a flecha, o ofá

2 comentários:

Unknown disse...

rida Alessandra que vos escreve aqui é o Babalorisa Mauro Tosun, gostaria de parabeniza-la sobre a Postagem sobre Orisá Otin, poucos são os que sabem o poder e os awos deste Orisá, amo este Orisa tenho um filha iniciada para ela (Otin), continue assim.
Quando tiver um tempinho ouça a minna Radio na Internet www.ketubrasil.com

Duda Castilho disse...

gostaria de saber qual juntó do orisa otin???
aguardo uma resposta aseooo